A Nova Gnose no Brasil

Karl Bunn Author

Nov 15, 2025 |

A breve história da Nova Gnose pode ser resumida em algumas fases.

A NOVA GNOSE NO BRASIL

A Nova Gnose começou em 1950, aqui, em terras sul-americanas — mais especificamente, na Colômbia. Samael Aun Weor é o grande autor da Nova Gnose, tendo escrito, quando em vida, 66 livros, hoje traduzidos para o inglês, alemão, espanhol, português, francês e japonês, afora centenas ou milhares de conferências e palestras, grande parte delas já transcritas e também publicadas.

A breve história da Nova Gnose pode ser resumida em algumas fases. O começo se deu com a publicação do livro El Matrimonio Perfecto , na Colômbia, em 1950. De 1950 a 1960 são publicados outros livros, como La Revolución de Bel , Tratado de Medicina Oculta , Curso Zodiacal e muitos outros.

Essa fase inicial foi muito difícil e penosa. O lançamento dos primeiros livros do então Hierofante Aun Weor provocou um grande choque no meio espiritualista sul-americano, mais especificamente, colombiano. Aun Weor acabou indo para a prisão, acusado de charlatanismo (porque tinha o poder de curar pessoas, dentre outros dons divinos) e, principalmente, porque seus primeiros livros revelaram o segredo do Grande Arcano . Aun Weor e o nascente gnosticismo foram então, como nos primórdios do cristianismo, severamente perseguidos pelas autoridades governamentais e eclesiásticas, pelos médicos e pelos líderes espiritualistas, além de terem sido traídos por vários instrutores.

Na década de 60, os livros e o pensamento de SAW foram levados a diversos países da América Latina, incluindo o Brasil. Aqui, como lá fora, as coisas ficaram limitadas em poucas cidades, com exceção da Colômbia, país onde a noção floresceu rapidamente. No Brasil, por exemplo, entre 1960 e 1970 o trabalho gnóstico ficou circunscrito a São Paulo e, durante esse período de 60 a 70, exceto pela realização de discretas conferências e a edição de alguns livros em português, nada mais se fez.

Esta foi a primeira fase da gnose brasileira. Alguns de seus dirigentes e instrutores foram envolvidos ativamente até o início dos anos 80 e 90.

Em 1972, a Nova Gnose de SAW é trazida para Curitiba. Foi criada, na época, uma instituição chamada Movimento Gnóstico Cristão Universal do Brasil . Daqui, pela primeira vez, a obra de SAW ganha alcance e projeção nacional, através da criação e do lançamento do primeiro curso por correspondência, estruturado num sistema de monografias semanais. Em pouco tempo, mais de 3.000 (três mil) estudantes se inscreveram no curso (isso num país que tinha 70 milhões de pessoas). Esse trabalho, inclusive, serviu de semestre para o surgimento de vários outros grupos gnósticos em diferentes partes do Brasil. As monografias escritas na época fazem parte, hoje, do nosso acervo histórico.

Foi nesse contexto que, em 1973, o principal escrito deste curso passou a ser, ao mesmo tempo, testemunha e personagem ativo da pequena história gnóstica brasileira.

Podemos dizer que esta foi uma segunda fase, que perdurou até 1976. Essa fase, para aqueles que encabeçaram o Movimento Gnóstico no Brasil (incluindo o escriba deste curso, que fazia parte da sua diretoria na época), foi igualmente difícil e conturbada. A Nova Era ainda não era um modismo. Existem muitos preconceitos e muito desprezo pelo esoterismo e pelo nosso trabalho em particular. O país ainda vivia a repressão da ditadura militar e, por causa disso, nossa mensagem política, que faz parte deste curso, não foi divulgada para não sermos enquadrados como uma ameaça à segurança nacional.

Como se não bastasse, havia agentes do DOI-CODI e do SNI infiltrados em nosso meio, como se tivéssemos a intenção de subverter a ordem do país ou representaríamos algum perigo para o estabelecimento . Dos dirigentes e instrutores desse período restam, quando se revisam estas linhas (2025), sem exagero algum, menos que a quantidade de dedos de sua mão. A grande maioria abandonou o trabalho e, outros, mais dedicados, acabaram por desencarnar, cumprindo os ciclos de morte, vida, nascimentos e renascimentos.

Em seguida, em 1976, por determinação de SAW, Joaquim Amortegui — a encarnação do Mestre Rabolu (um dos 42 juízes do Karma) — veio ao Brasil para estabelecer um sistema de "Federação", constituída de sedes estaduais que vissem a responder a uma sede nacional. O escrito deste curso, na época, acabou integrando a Junta Administrativa e Executiva da Sede Estadual do Paraná do Movimento Gnóstico Cristão Universal do Brasil.

Mesmo com resistências iniciais, os dirigentes e instrutores de Curitiba acataram a nova ordem proposta pelo Mestre Rabolu. Porém, nem todos os grupos brasileiros da época demonstraram a mesma boa vontade. Coincidência ou não, todos que se negaram acabaram fechando suas portas.

Esta foi a terceira fase. Infelizmente, malogrou a tentativa de se fazer uma Federação na época.

Em 24 de dezembro de 1977, SAW é despojado do seu corpo de carne e osso que vivia no México (desencarne). O povo gnóstico da época foi abalado em sua fé e em suas opiniões. Sem que a maioria compreendesse o que estava apostando; já no ano seguinte descobrimos os desentendimentos e dissidências em diferentes países — do Canadá à Argentina — porquanto a gnose não havia ainda chegado à Europa, em que pese algumas incursões feitas na Espanha.

Essa fase turbulenta se estendeu até 1980. Durante esse período começou a ganhar forma diferentes linhas de trabalho, capitaneadas pelos principais líderes gnósticos de cada país. Hoje, ainda que a fonte de inspiração seja comum a todas as linhas de atuação gnóstica em todos os países do mundo, não é exagero dizer que existe uma gnose colombiana, uma gnose venezuelana, uma gnose canadense, uma gnose europeia etc., algo muito parecido com o ocorrido nos primórdios do cristianismo, quando as pessoas se referem a uma gnose de Paulo, outra de Pedro, uma outra de Marcion, outra ainda de Valentim e assim por agora.

Nada a estranhar, caro estudante! No começo do cristianismo existiam centenas de grupos, eclesias , comunidades, centros etc. Foi ao longo de três séculos, através de acordos, reuniões, sínodos, discussões, dissensões que, o que se conhece hoje como Igreja Católica Apostólica Romana, acabou assumindo naturalmente a liderança. Nós, da Abragnose , acreditamos que dentro de um ou dois séculos novas e grandes igrejas surgirão no mundo, desaparecendo por completo as atuais instituições religiosas e gnósticas, tal e qual aconteceu no decadente Império Romano, que viu suas crenças e sua religião oficial desaparecer juntamente com seus domínios.

Durante o período de 1950 a 1977, quando a SAW esteve à frente das instituições gnósticas, foram criadas, pelo próprio Mestre, cinco instituições. A primeira, foi criada no início dos anos 50, conhecida como Movimento Gnóstico Cristão Universal — MGCU. O MGCU, no final da década de 50 se uniu, durante algum tempo, com as instituições de Sivananda, formando a ALAS-AGLA. Depois vieram o Instituto Universal de Caridade (IUC) e o Partido Obrero Socialista Cristiano Latino-Americano (POSCLA). Nos anos 70, a SAW criou a Igreja Gnóstica Cristã Universal (IGCU) e a Associação Gnóstica de Estudos Antropológicos e Científicos AC (de Associação Civil, conforme legislação mexicana) — AGEACAC.

A atual Abragnose , em seus começos, no que diz respeito aos temas gnósticos, foi avaliada por alguns missionários internacionais. A partir da década de 80 surgiram numerosos grupos gnósticos em todos os lugares do mundo, de diversas linhas e procedimentos. A sequência também teve início uma grande regulamentação de “mestres”. A realidade hoje é que não existem Mestres gnósticos reais e verdadeiros. Esses que aí se apresentam como tal se autoproclamaram, mas internamente não possuem grau algum de maestrias.

Importante: O Mestre SAW não deixou nenhum continuador, nem reformador, restaurador, nem nada parecido com isso. Nem sua esposa foi nomeada sucessora. Portanto, o que está aqui por aí sobre esse assunto não é verdade; são criações, invenções e falsificações de documentos, nos quais cada qual, a seu modo, se dizia ou se proclamava sucessor da obra do Mestre.

A partir dos anos 80, a Nova Era já havia se tornado um modismo e um grande negócio mundial e a busca pelo espiritual tornou-se muito grande; o caminho já havia sido aplainado, de forma que foi mais fácil, comparativamente às décadas de 60 e 70, para os novos líderes e dirigentes criarem e manterem suas instituições, as quais, lamentáveis ​​e incompreensíveis, nutrem um grande desprezo por aqueles que estão no caminho há muito mais tempo que eles.

Mesmo com todas essas facilidades, a presença gnóstica no Brasil, em pleno 2025, ainda é pequena e discreta, não só devido às dimensões continentais do país, mas, também, pelo atraso cultural de nossa gente e às particularidades históricas do ressurgimento da gnose que acabamos de exportar.

Sabemos que existe hoje, em nosso país, muita gente capacitada e preparada para passar o ensino deixado por SAW. Mas, também, há muitas instituições, dirigentes e instrutores que, apesar de toda a boa vontade e bons interesses (quando há), estão prestando um verdadeiro desserviço que batem às suas portas, devido não só ao seu despreparo pessoal, mas, também, por não conhecerem e não terem vivido a fundo a ciência gnóstica, do passado e do presente. Acabaram se tornando, lamentavelmente, meros papagaios repetidores de teorias alheias.

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